A melhor palavra que define o niteroiense Pedro Neves é superação. O que poderia ser apenas um clichê, no caso deste morador do Morro do Cavalâo, em Icaraí, é vivenciada com muita dificuldade, diariamente, desde que nasceu há 40 anos.
Sobrevivente de um parto cheio de complicações, como a falta de oxigênio no cérebro e a consequente paralisia, Pedro acabou vindo ao mundo com uma atrofia no braço direito, no berço de uma familia muito pobre. Mas nada disso o impediu de entrar no esporte.
Durante a adolescência, Pedro sofreu discriminação decorrente da sua deficiência, muita zoação e inúmeras dificuldades para conseguir trabalho. E teve na tia Lourdes um verdadeiro anjo da guarda. Foi ela quem o criou desde o falecimento da mãe, quando ele tinha apenas 2 anos de idade. A tia Lourdes cuidou dele como se fosse um filho.
Em 1988, Pedro ingressou na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos( Andef) e desde então tem se dedicado a vida de atleta. Tanta dedicação rendeu a ele, a medalha de ouro no Parapan, em Toronto ,no Canadá, em 2015. O local mais alto no pódio foi alcançado com a vitória na prova de salto em distância da categoria T38.
- É uma sensação ímpar poder estar em outro país, numa competição desse nível. É um orgulho representar o Brasil, Niterói e o Morro do Cavalão. Sou nascido e criado nesta comunidade . Quero ser espelho para muitas crianças e adolescentes principalmente daqui.
De lá pra cá, Pedro Neves passou a buscar patrocinador incessantemente.Não teve apoio para se dedicar aos treinos e participar da Paraolimpíada do Rio em 2016 e se voltou mais para seu trabalho em uma empresa de Energia Elétrica na cidade, de onde tira seu sustento.
- Graças a Deus consegui entrar num projeto de transição de carreira do paratleta junto a Universidade Livre da Eficiência Humana (Unilehu),onde tenho um horário flexível para treinamentos e competições, treino todos os dias, exceto domingo, que tiro para descanso.
Mas o paratleta descansa pouco. Ele também é aluno do sexto período de Administração do Centro Universitário Celso Lisboa e recebe todo apoio por parte da Universidade. Além da bolsa integral, o esportista tem orientação dos professores de Nutrição, Educação Física.
Pedro já participou dos Jogos Universitários Parapan-Americanos, em São Paulo.Em três das provas disputadas, ganhou ouro no salto a distância; e prata no arremesso de peso e lançamento de dardo.
A luta diária de Pedro é a mesma que todo morador das comunidades niteroienses, precisam enfrentar.Por isso, o atleta quer continuar a ser exemplo para eles.
- Essas barreiras servem de combustível para avançar e conquistar medalhas e representar o Morro do Cavalão.Quero levar o nome do morro para a mídia e mostrar que ele não merece só a parte policial dos jornais.Mas também as de cultura e esportes.
