Há menos de um mês do Natal a figura comercial e lúdica da data, ainda não deu as caras nas lojas e shoppings de Icaraí. As crianças que adoram ver e fotografar com o bom velhinho, neste ano vão se distrair apenas com os objetos de decoração.
Na boutique Camarim e Camafeu, instalada em plena rua Moreira Cesar, este ano só tem um boneco grande com as cores vermelha e branca, de barba e óculos, se sacolejando e saudando os clientes com o tradicional hou, hou, hou.
A pequena Iana Marques de Azevedo, de 5 anos, chorou muito quando o boneco não retribuiu o abraço que ela deu e nem a fez sentar no colo.
A gerente Marcia Diniz, na loja há 8 anos, tentava consolar a menina e explicar o motivo da ausência do bom velhinho humano.
- Não compensa contratá-los.Este ano o Natal está uma verdadeira incógnita.Os senhores que fazem este trabalho não cobram menos que 200,00 reais a diária. Como pagar a eles, se nem sempre faturamos isso por dia ?
No Shopping Icaraí, a mesma situação. O Papai Noel Moacyr Augusto Campos, de 71 anos, que no mínimo durante três décadas fez a alegria dos " baixinhos" do bairro, sentado perto das escadas rolantes, sempre com um sorriso no rosto, neste ano foi dispensado.
- Tem horas que dá vontade de ir lá para abraçar as crianças de graça. Mas preciso deste dinheiro extra. Desde que me aposentei na Prefeitura é este meu ganho principal do ano. Ainda espero encontrar uma loja ou um shopping que queira meu trabalho.
Na verdade Seu Moacyr, morador da Presidente Backer, perto do Caio Martins, é apenas um dos quase 300 Papais Noéis formados ao longo dos dez anos de existência da Casa Escola de Noel, localizada na Tavares Macedo. De uns anos pra cá, o movimento caiu muito.
- Este ano não tivemos ninguém inscrito. O curso está parado. Os que se formaram, estão aí batendo cabeça procurando uma vaga no mercado.
Um mercado considerado supérfluo e ao mesmo tempo interessante. Pelo menos para todas as crianças, que segundo o Diretor do Clube dos Lojistas de Niterói, Wilson Pedreira, " são os maiores alvos para o faturamento do comércio nesta época, que normalmente passa de 5 milhões"
Portanto, neste ano, os mais sensíveis, vão ter que se acustumar em pleno frenesi das compras e burburinho dos shoppings, com a ausência do Papai Noel que abraça e afaga o choro da criança.
Uma sugestão é consolá-las
dizendo que o bom velhinho foi em casa descansar e que volta já.
Mas cá entre nós : só se a situação melhorar.