Os sete meses de pandemia do Corona Vírus deixaram no centro das atenções e na linha de frente, os profissionais de saúde, incansáveis na luta contra a doença nos hospitais.
Mas dentro dos lares brasileiros, longe dos holofotes da televisão, milhares de trabalhadores se esforçam e também arriscam até a própria vida, para tomar conta dos mais velhos.
Claudia e D. Neuza
São os Cuidadores e Cuidadoras de Idosos, que neste ano passaram de coadjuvantes a protagonistas nas famílias de todas as regiões do país. Todos estão atentos ao protocolo da OMS, para poderem trabalhar sem se contagiar, nem no transporte e nem nas casas.
Em Niterói, com cerca de 600 mil habitantes, o bairro de Icaraí, na zona sul da cidade, é o campeão em número de idosos. Segundo a última pesquisa do IBGE, realizada em maio do ano passado, 20 por cento dos 182 mil moradores são idosos. Possuem mais de 65 anos e muitos pertecem a quarta idade, entre 70 e 90 anos.
Com o avanço da idade e o aumento da longevidade, graças a ativa indústria farmacêutica, eles acabam sendo acometidos pelo Alzimer. Uma patologia degenerativa, sem cura, cada vez mais comum entre as familias que possui um idoso.
E neste quadro é normal ver em Icaraí, eles agrupados entre cuidadoras pelas esquinas do bairro, passeando de cadeiras de rodas ou em casa. Na Mariz e Barros com a Moreira Cesar todas as manhãs, senhoras e acompanhantes batem ponto no banco, em frente a farmácia.
- Adoro o que faço. A pandemia veio pra mostrar nosso valor, - se orgulha Izabely Cristine, 41 anos, plantonista na casa de dona Ruth, ns rua Otavio Carneiro, há 5 anos.
Cristine mora em Itaborai, pega dois ônibus pra trabalhar 3 vezes por semana , recebendo 100,00 reais por diária.
São profissionais essenciais que dão uma movimentação diferente ao bairro. Vestidas de branco, elas estão em todos os lugares. Só no apartamento de d. Neuza, 88 anos, com Alzimer há 13, localizado na Moreira Cesar, a frequência de cuidadoras é feita por 5 plantonistas : Claudia, Marta, Giliane e Marcia.
O filho da d. Neuza, que prefere não se identificar, fala que administrar tanta gente entrando e saindo dentro da sua casa, é estressante, mas não tem como preencidir deste trabalho no dia a dia.
- É uma profissão super importante. Não deu pra dispensá-las, nem quando a pandemia estava no auge. Hoje eu diria que nem eu, nem minha mãe, conseguiríamos ficar sem cuidadoras aqui pra nos ajudar.
Quem esperava ver as fotos das cuidadoras sentadas nos bancos das esquinas do bairro, tomando conta dos idosos e idosas, a redação do RDI avisa que vai ficar devendo. O motivo é bem simples. Por causa da pandemia, elas estão proibidas de levar as senhoras para as ruas. Por enquanto, a ordem é se distrair em casa. Até a vacina chegar.